
Mais uma vez estou em aqui, em pedaços. Acho que essa é a nova rotina da minha vida, nunca estar bem. Eu costumava colocar pra fora, em textos, as coisas muito facilmente. Agora elas ficam emaranhadas dentro de mim, traduzindo-se nas minhas lágrimas, no meu desanimo e naquilo que ninguém entende o que é. Nem eu.
Eu sempre senti esse incômodo dentro de mim. Essa dor. Com a pouca idade, eu achava que era a minha falta de maturidade que causava todos esse incômodo, afinal, eu não sabia "nada da vida". Era o que os "adultos" me diziam lá pelos meus 15 anos. Isso sempre me deixou mal, porque eu sempre quis saber das coisas e ser independente. 10 anos se passaram e eu ainda procuro o sentido de estar aqui. Amo viver, mas as vezes esse fardo se torna bem mais difícil e insuportável.
A pior parte da minha vida é que sou eu quem a vivo. E o "eu" nunca é o mesmo. Caos total. Sortudo é quem consegue se adaptar às oscilações da vida. Eu não sou : nem sortuda e nem fácil de me adaptar. O triste é perceber que eu sou obrigada eternamente a ter que lidar com as consequências das escolhas de uma outra pessoa, que no caso, sou eu mesma - mas em um outro momento. O tempo todo. Os anos se passam e eu me pergunto quem é essa pessoa no espelho. Quais são os seus desejos, suas vontades e os seus sonhos. Os seus planos A, B, C e D.
Mas eu não tenho plano nenhum, nunca tive. Só sei que a vida é um eterno "readaptar". Todo o tempo eu tenho que aprender a conviver... principalmente, comigo mesma. E eu vou andando, caminhando, conhecendo cada vez mais uma nova versão de mim e gostando ainda menos da versão anterior.
[...]
Esse texto não deveria terminar agora, mas às vezes há tanto para se dizer, que é melhor não dizer nada.
O silêncio grita.
Eu só não tô preparada pra escutar.
"Na mesa de minha alma sentam-se muitos, e eu sou todos eles. Há um velho, uma criança, um sábio, um tolo. Você nunca saberá com quem está sentado ou quanto tempo permanecerá com cada um de mim. Mas prometo que, se nos sentarmos à mesa, nesse ritual sagrado eu lhe entregarei ao menos um dos tantos que sou, e correrei os riscos de estarmos juntos no mesmo plano. Desde logo, evite ilusões: também tenho um lado mau, ruim, que tento manter preso e que quando se solta me envergonha. Não sou santo, nem exemplo, infelizmente. Entre tantos, um dia me descubro, um dia serei eu mesmo, definitivamente. Como já foi dito: ouse conquistar a ti mesmo."
Nietzsche
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