Um dia desses, eu estava conversando com uma amiga sobre os acasos cotidianos. Ela, muito irritada, começou a questionar no meio da conversa o fato de [ninguém] gostar dela, porque sempre por onde anda, tem alguém que faz de tudo pra excluí-la e isso sempre a deixa muito mal. ‘’ Como assim, ninguém gosta de mim?’’ ‘’O que eu fiz?’’ ‘’Por que só comigo?’’. E eu , como uma boa amiga, respondi [infelizmente] com a resposta mais clichê do planeta: ‘’Calma amiga, é assim mesmo. A gente sempre vai encontrar pessoas assim por aí. Relaxa. Ignora’’. E até parecia que, por um momento, isso não era um problema que tínhamos em comum.
É até engraçado. Durante a minha
vida inteira sofri com essa não-aceitação externa, por parte de algumas pessoas
do meu convívio social. Primeiro porque era gordinha e tímida, mas tinha
potencial e relevância em questões escolares. Segundo, porque às vezes durante
a vida conseguia coisas ou conseguia
chegar a lugares que as outras pessoas não conseguiam [ou por falta de sorte,
ou por falta de esforço pessoal] tanto na área de relacionamentos, quando na
área pessoal, na área dos conhecimentos, nas questões materiais... enfim, e
isso acontece até hoje. E terceiro, pelas pessoas acharem que sou falsa ou que
não tenho caráter, sendo que não é do meu feitio ficar falando mal dos outros
[sem motivos aparentes] o tempo todo e nem manchando a reputação de ninguém –
quem me conhece sabe muito bem disso. Quando eu acho que alguém não gosta de mim, eu saio
de perto. Odeio confusão. Mas ainda há
pessoas que cismam comigo. Isso é tão normal, não é? Acontece sempre, todo dia,
com você, comigo. Mas eu, com minha mania de perfeição, achei que o erro estava
em mim e sempre me culpei por isso. E sabe
em qual conclusão eu cheguei? Que era tudo a mais pura verdade. Isso mesmo. O erro
estava em mim.
Eu errei demais. Errei na hora
que eu me importei com essas pessoas que me menosprezavam por ser apenas eu
mesma [sem forçar] , do jeito que eu sou. Eu errei quando chorei quando elas disseram coisas sobre mim que eu sabia
EXATAMENTE que não era a verdade. Errei quando tentei me explicar [explicar o
quê? O que eu não disse? O que eu não fiz? O que eu não sou?]. Errei quando me
culpei por confiar em quem não deveria, sendo que isso é mais normal do que não ganhar na loteria. Errei em simplesmente ficar mal por uma
coisa que inventaram por aí. Errei por ter medo de errar. E ainda erro muito, só que agora, bem menos.
Quando uma pessoa chega e me diz ‘’
Não fui com a cara de fulano’’ sendo que
nem conhece a pessoa , eu já acho que essa pessoa não é de confiança. Como a
gente pode julgar alguém sem ao menos conhecer? Como podemos odiar pessoas
que não nos fizeram mal algum? Isso é meio ilógico de acordo com os meus
valores. Desculpa aí. A nossa sociedade está exaltada demais. Levamos tudo para o outro
lado, queremos sempre ‘’criar um caso’’. E vira e mexe eu fico me perguntando: qual a necessidade disso?
Eu sou mesmo diferente. E às vezes acho que até diferente demais. Meu
método é o seguinte, anota aí: eu costumo achar que os seres humanos são todos
limpos e puros [mesmo sabendo que isso não é verdade]. Afinal, quando a gente
conhece alguém, não nos interessa suas cicatrizes/males/defeitos de imediato,
mas aquilo de bom que essa pessoa tem a nos dar. Seja um riso, um modo novo de
olhar o mundo ou um olhar de ternura. De
problemas já estamos fartos. É um
desperdício julgar um livro pela capa, uma pessoa pelo que simplesmente vemos
pelo lado de fora ou pelos seus calos. É o que eu acho.
Por isso tudo que disse até aqui, hoje tomei uma decisão na minha
vida. Olhei no espelho e percebi esse ser humano cheio de falhas que eu sou e
que não é nem um pouquinho igual ao que maldizem dele. Olhei em volta e separei territórios: o que me pertence e o que não me pertence. O que eu sou e quem eu quero ser, mas sobretudo, quem eu não quero. Continuarei sendo a mesma de sempre, mas não sempre a mesma. E ponto final.
Hoje eu tomei consciência do meu
objetivo: ser feliz. E quando alguém
simplesmente me disser:
– Não fui com a tua cara.
Usarei meu melhor sorriso, e sem medo, responderei:
– O azar é seu.
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Adorei o o texto e entendo bastante o que quer dizer. Não vou dizer que todo mundo que me conhece me diz que não vai com a minha cara porque seria mentira, mas já vi muita gente torcer o nariz pra mim por algum motivo, ou por ser gorda, ou ser meio desleixada, porque eu as vezes não falo muito - só falo muito quando eu conheço realmente uma pessoa - e isso é bem chato. Já vi pessoas dizerem (onde eu moro é um pouco comum) "Meu santo não bateu com o seu" e eu até brincava com a expressão, mas me perguntando o porquê, já fui agredida moralmente por uma pessoa que nem ao menos me conhecia, ou por muitas, e por incrível que pareça as vezes eu ligo muito para a opinião alheia, eu sei que não deveria, não mesmo. Não gosto de mudar para agradar ninguém, não acho isso certo. Se eu gosto de mim de um jeito, não vou mudar porque acho que uma pessoa não gosta de mim por esse motivo. Eu realmente me sentia deslocada em alguns lugares, em lugares que eu não poderia, nem deveria me sentir deslocada. Tô aprendendo a não ligar tanto para que os outros pensam e como você disse, azar é o de quem não vai com a minha cara. Texto incrível, parabéns!
ResponderExcluirBeijoos!
Obrigado pelos elogios e pela contribuição <3 Beijão!
ExcluirEssa questão do julgamento sem conhecer, é uma discussão muito relevante nos dias atuais, devido aos estereótipos da sociedade.
ResponderExcluirGostei da sua frase: "[explicar o quê? O que eu não disse? O que eu não fiz? O que eu não sou?]". Estou em um momento assim, quero me explicar por uma coisa que não sou culpada e é horrível, humilhante, eu diria.
Que bom que chegou à essa conclusão final no seu texto. Boa sorte com os seus novos pensamentos ;D
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