É preciso muita cautela para recomeçar, e pensando bem, eu nunca fui
muito boa nisso. Escrever pode ser como andar de bicicleta, ou como o andar
bípede. Alguns nascem com as letras incrustadas em suas veias, pode parecer até uma pré-disposição genética. Já outros,
buscam apenas um aprendizado básico, um gancho e o resto, é resolvido por conta
própria. Eu sou um caso perdido, porque escrevo com a alma – e aos trancos e barrancos. Escrevo tudo aquilo
que dói, pra amenizar a dor. Às vezes escrevo sobre o que faz feliz, buscando alguma forma de exteriorizar o que transborda. E quando paro de escrever, é porque me perdi de
algum caminho – ou na verdade, me encontrei. Às vezes quando a gente se
encontra, parece perdido, porque na verdade nunca estamos verdadeiramente
prontos pras novas coisas que nos cercam. A gente tenta, arrisca. Nessa vida é
tudo período de adaptação.
Poderia dizer que ‘’felizes são aqueles que possuem lápides!’’ como andei pensando nos últimos dias, quando chorando – porque não aguentava a pressão da vida – peguei um ônibus, numa semana dessas atrás. Afinal,
eles não precisam sentir dor, e nem ouvir as piores notícias num telejornal, à
noite. Nem se preocupar com a prova de latim daqui a 10 dias. Eles não sentem a
frustração de esquecerem um guarda-chuva em casa, num dia nublado. Mas como
dizer isso, se eles não sentem a luz do sol que entra pela janela, invadindo o
quarto, todos os dias, pela manhã? Então no meio a dor de existir, é possível
sim, encontrar algumas alegrias cotidianas. Como as tantas outras pequenas coisas que costumo entulhar aqui no meu coração.
Onde estávamos mesmo? Ah...ad litteras!
Nunca tive tanta dificuldade pra escrever, porque em suma, a dificuldade
não estava presente no viver também. Não consigo pensar nas dificuldades da vida de uma pessoa de 15 a 18 anos, com uma vida basicamente confortável e com saúde. Uma vida sem dificuldade, gera imaturidade pra muitas outras dificuldades que ainda virão. Alguém poderia ter me contado isso antes né? Enfim, esta sou eu: a imatura, que não sabe lidar nunca com nada. Permito-me ser realista, pelo menos agora.
Rasgando verbo, verbalizo. Quem nunca tem coisas pra contar? Na
verdade um texto é isso. Uma vontade de contar alguma coisa. Um texto na
verdade é um monólogo sobre um nada, que na verdade, quer ser alguma coisa. É
como um jardim, pronto para ser cultivado, é como o meu coração nesse exato
momento. Intrínseco ao existir. Uma esponja, que tenta absorver em partes, a
dor da vida, quase sempre suavizada e escorre, ao ser pressionado – usando eufemismo – nesse caso, pela sociedade. Um texto na verdade, pode ser tudo que
eu deixo de falar com os outros. Todas as vezes que o outro não entende o que
meu olhar quer dizer, porque na verdade, as pessoas são na maioria das vezes,
distraídas demais. E eu sou um belo exemplo disso, uma verdadeira distraída. A
ponto de esquecer-me de mim mesma, quase sempre.
Escrevendo descobri o mundo. Não escrevendo, descobri a pior parte de ser eu mesma. A parte chata que a gente não conta pra ninguém (são poucos os que fazem uma má propaganda de si mesmos, e meu espírito narciso quase sempre vence nessas disputadas pessoais). Hoje eu sou aqueles que eu tanto julgava. Hoje eu sou aquela que sonha
como uma tarde em Paris, porque antes – pra mim – isso era palhaçada. Hoje eu
sou aquela tal contraditória, que faz as coisas que lhe faz mal, e deixa de
fazer aquilo que lhe faz bem. E ousa a responder ‘’não sei’’ quando lhe fazem
aquela pergunta básica: ‘’tá tudo bem?’’. Hoje eu sei o quanto preciso aprender
mil coisas, e que o ensino até pode ser ‘’superior’’ mas eu vou continuar sendo
a mesma, se não ousar mais – nas coisas mais ou menos importantes. É estranho
perceber que em cada época de nossa vida, nós somos moldados sem perceber. Hoje
estou aqui, no mesmo lugar e no mesmo quarto onde antes costumava escrever
sobre os meus sonhos, decepções, alegrias, realizações, frustrações e hoje sou apenas...
eu, mas dessa vez, não a mesma de sempre – e tudo aquilo que eu ainda não escrevi.
Em suma, não é só isso, mas sinto que o texto deve acabar por aqui (o corpo do texto, porque na verdade, ele é uma contínua rotação de fantasia com realidade. Desculpe a abstração. )
Te vejo por aí, enquanto eu escrever, enquanto eu existir...
5 Comente!
Oi Sa, adorei o post e sempre passo horas lendo seus textos quando não estou bem! Me conforta sabe? Te tagueei, vem ver! http://tudoquegarotaasgostam.blogspot.com.br/2014/09/tag-conhecendo-blogueira.html
ResponderExcluirOlá Sabrina, somos dois porque há pouco tempo retomei meus escritos e agora com uma proposta totalmente diferente!
ResponderExcluirSabe, senti nas suas palavras (me corrija se eu estiver errado) o discurso de uma menina que se tornou mulher, que esta ganhando e acumulando experiências e lidando com as "novas exigências da vida" de uma forma mais diplomática, própria de quando amadurecemos. No entanto, percebo também que não pretende deixar de lado os sonhos e alegrias que te motivavam a escrever neste mesmo quarto!
Grande abraço,
Flávio Ribeiro
(ex Telinha Crítica)
portaodoinfinito.blogspot.com.br
Uau! Que texto incrível, causa uma boa reflexão, adorei mesmo! Tão poético!
ResponderExcluirBeijoos, Carol do Aquela Princesa *-*
É engraçado o quanto olhamos para trás e vemos o quanto crescemos...
ResponderExcluirSabe, minha melhor amiga diz que sofremos um upgrade de cinco em cinco anos...
Mudanças do como eu sou para quem eu era...
Crescer, mudar e amadurecer faz bem...
Mas, nunca devemos deixar a criança dentro de nós morrer...
Adorei seu cantinho!!!
Bjo, bjo!!!
http://mesmiceseepifanias.blogspot.com.br
Hallo, Sabrina. Adorei esse texto, traz uma boa reflexão! Aí a gente pega e pensa o quanto crescemos, o quão obrigados a amadurecer agora teremos. E também percebemos... "Eu não tô preparado pra vida". Mas ninguém tá, no fundo. Somos todos filhotes aprendendo a andar em uma terra desconhecida.
ResponderExcluirBeijos e tudo de bom sempre! || Unlocked Land ❤
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