Ao contrário do que muitos
pensam, escrever não é uma tarefa muito fácil. Acho que já perdi a conta de
quantos textos eu já deixei de escrever e de quantos pensamentos meus já se
perderam no meio das minhas memórias quase esquecidas. Escrever requer coragem.
Muita coragem. A próxima ideia e a próxima palavras, são escritas e esperadas
como próximos capítulos de uma história que só o coração que vai te mostrar. É
assim que eu me sinto no começo de cada crônica. É assim que eu me sinto
exatamente agora.
E era nisso que eu estava
pensando também, quando às 9:00 hrs de um dia comum, um passarinho me contou
que a gente acostuma a ser apenas saudade. Que a gente deixa de fazer falta,
chora e fica com o corpo mole, na cama. Pensa em escrever mas não sai do lugar.
Então chora, chora que nem um bebê mas depois sorri, como ninguém mais se vê. É
só esperar um tempinho, tudo sempre vai se ajeitar. A gente tem mania de
generalizar momentos, e torna-los irremediáveis. Eu sei. Se eu contar vocês não
acreditam.
No outro dia ele voltou. Quem?
Ah, o mesmo pássaro, ele mesmo. Na minha janela, a janela do meu quarto. Ele me
contou que a gente tem que ter sempre um plano B. A gente sempre tem que estar
preparado para uma reviravolta na nossa vida, seja no campo profissional ou
emocional. Tudo pode mudar em questão de segundos. Eu sei que ele me contou, eu pude ouvir além
do que escutei. O passarinho me contou, me contou sim, me motivou e por isso
estou aqui. Parece coisa de filme , mas que ele estava lá, ah
sim, ele estava.
Quando deu as horas vespertinas,
me teletransportei pra uns 7 anos atrás. Lembrei da minha mãe, que nessa época
ainda não trabalhava, de como ela era organizada e rotineira. Acordava, limpava
a casa, fazia almoço e nos dava de comer, quando chegávamos da escola. Víamos os
programas de esporte, o jornal (que nessa época eu odiava, mas agora até que eu
gosto) e a novela do Vale A Pena Ver De Novo.
Depois era a sessão da tarde. Lembro do cheiro de bolinho de chuva no forno
e sinto ainda o gosto do suco de laranja. Todos os filmes dessa época me
remetem a esse cardápio inconfundível, que só a minha mãe sabia fazer. Lembro
do sol, que entrava pela janela e do canto dos pássaros lá fora. Esse tipo de
felicidade, mesmo sendo parecida com aqueles filmes que víamos na sessão da
tarde, era única. Um tipo de felicidade que só o meu coração entende e que faz
a vida hoje parecer menos encantadora do que naquela época.
Se você parar para pensar, somos
muito parecidos com os pássaros. Eles nascem e tudo que eles tem é uma mãe e um ninho, quem
os sustenta até atingirem o ponto mais emocionante de suas vidas: voar. Então
eles começam a caçar o seu próprio alimento e a enfrentarem um desafio a cada
dia, como nós, nesse mundo. Enfrentar
animais maiores, a nevasca e o ser humano tão rude. Mas eles voam alto e baixo,
conhecem lugares inimagináveis e sentem a liberdade a cada instante de suas
vidas. Mas ser pássaro não é tão fácil. É difícil. São tão belos que querem os prender e exibir. Mas a beleza deles está na liberdade, na harmonia e melodia constantes.
E esse é o segredo dos pássaros: apesar de tudo,
nunca, jamais deixam de cantar. Cantar é o que os fazem mais vivos. Aliás, eles cantam, em coro, nesse exato
momentos pelos fios de telefone ali na rua.
Já pensou em cantar, apesar de tudo? Tente. No final de tudo, só consigo pensar em escrever e escrever. Relaxar, que tudo sai naturalmente. Já que não
temos ferramentas naturais em nossos corpos como os pássaros, uso a escrita,
que no final, dá quase no mesmo. É só usar um punhado de memória, algumas
tacadas criativas e uma imensidão de emoção. Essas são as nossas asas.
Esperar pelo tempo, não correr
contra a correnteza. Escrever é ter um coração (mesmo que ele seja frio e
sólido, ou quente e mole, como as lavas de um vulcão). Mesmo sentados em frente à um computador ou
um bloco de notas, escrever é abrir janelas, portas, gaiolas...é encontrar uma
meio de voar livre. Pra onde? Eu não sei. Pra qualquer lugar. Mesmo presos em
um uma gaiola, no mundo-gaiola. Mesmo presos em nós mesmos, a maior das gaiolas
(e uma das mais difíceis de escapar, dúvida?).
Como eu sei disso? Ah, foi fácil.
Um passarinho me contou. Aquele mesmo. É.
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Caaaaaaaaaara *o* que texto super lindo, amei amei!
ResponderExcluirhttp://devaneiosdeuma-adolescente.blogspot.com.br/
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